É frequente ouvir repetir a célebre frase atribuída a Mário Soares “só não muda quem é burro”.
Se bem que a intenção fosse boa, uma vez que permitia reconhecer, com humildade, o erro e corrigi-lo, acabou por ter um efeito perverso. Foi o legitimar do “troca tintas” o que se diz hoje não se diz amanhã ou mesmo no segundo imediato, com o maior descaramento. “Só os burros é que não mudam”…
Outra afirmação frequentemente proferida por inúmeras personalidades é: “PS igual a PSD”. Como podem ser tão iguais dois partidos, tão diferentes na sua criação e com lideres tão opostos como Francisco Sá Carneiro e Mário Soares? O PSD continua igual a si próprio, reformista, valorizador do empreendedorismo, do rigor, da coerência e da seriedade. Então foi o PS que mudou… “só os burros é que não mudam”!
E a mudança foi tão radical que conseguiu a proeza de ultrapassar o PSD pela direita. Este ao manter a sua trajectória, de forma coerente corre o risco de, ao ser observado por espectadores desatentos, ser acusado de estar a ultrapassar o outro pela esquerda. No entanto em nome da sua coerência histórica, deve manter o seu rumo, sem esquecer de passar convenientemente a sua mensagem.
O actual figurino usado pelo PS representa um modelo bem à direita do PSD aplicado por socialistas (não diz a letra com a careta). Enfim uma fórmula condenada “ad inicio” ao fracasso como o provam as últimas estatísticas. E como só os burros é que não mudam o primeiro ministro apressou-se num gesto demagógico a acusar a economia de mercado, agitando a bandeira do socialismo que ele à muito tinha enfiado na gaveta como se de um objecto maldito se tratasse, esquecendo a onda de alienação de bens públicos por si encetada.
Efectivamente o encerramento de hospitais, maternidades, centros de saúde, escolas entre outras acções governamentais que deixaram porta aberta aos investimentos privados foi uma acção de intervenção de estado. O estado esteve presente na sua gestão de encerramento e entrega dos bens e serviços ao sector privado. O estado esteve presente na desumanização dos sistemas sociais e laborais. É uma política estadual o afastar, cada vez mais acentuado, do conjunto de acções de solidariedade.
Com estas medidas não se incentivou a criação de riqueza, nem de estruturas produtivas, mas a criação de meia dúzia de ricos que engordaram à custa do estado (de todos nós), sem qualquer esforço, sacrifício ou risco, porque assim que soam os alarmes o Estado vem a correr ampará-los com colchão almofadado. Isto sim é socialismo no seu melhor. Não resta qualquer dúvida que nem por simples coincidência há qualquer semelhança com a Social-Democracia.