Portugueses desatentos a cancro da boca e da faringe

"Patologia representa 7% dos tumores malignos e o 5.º lugar nas localizações corporais.

O cancro da boca e da faringe representa 7% dos tumores malignos diagnosticados em Portugal, ocupando o quinto lugar nas localizações no corpo, mas tem tido tão pouca atenção que justifica uma campanha de alerta.

"O cancro da cavidade oral aparece à frente das leucemias e dos linfomas, mas estes são os mais falados", observa Jorge Marinho, médico estomatologista no Centro do Porto do Instituto Português de Oncologia (IPO/Porto).

Lançada pela Associação Portuguesa de Medicina Dentária Hospitalar (AMDH), designada "Sorria para si mesmo", a campanha ensina a fazer o auto-diagnóstico e informa sobre sinais de alerta.

Se surgirem manchas brancas e vermelhas, endurecimento de tecidos moles, feridas ou inchaços, por exemplo, deve ser consultado de imediato um médico - de família, ou dentista, ou estomatologista, ou outro médico de uma especialidade vizinha, como o otorrinolaringologista.

O auto-exame (ver infografia) "é fundamental para a detecção precoce da patologia", acentuou o presidente da APMH, João Leite Moreira, na apresentação da campanha, que consiste na distribuição de panfletos e cartazes contendo um pequeno guia sobre a patologia, que atinge mais os homens.

Segundo João Leite Moreira, doutorado pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto e médico dentista no IPO/Porto, os homens "são mais atingidos do que as mulheres, num relação de quatro para uma".

No sexo masculino, representa cerca de 10% do total de tumores malignos diagnosticados anualmente, ocupando o quarto lugar no conjunto de localizações topográficas no corpo humano".

A discrepância parece dever-se ao facto de as mulheres serem geralmente mais cuidadosas com a saúde do que os homens, de alguma maneira ainda muito afirmativos da ideia da supremacia física do género. Por outro lado, é uma expressão da relação entre a dicotomia álcool-tabaco.

Embora não goste de usar dados sobre a mortalidade resultante deste tipo de patologia, que considera discutíveis, o presidente da APMH observa que nos homens se situa nos 40%, sendo de 22% nas mulheres.

Acentuando a importância da prevenção e da detecção precoce do cancro da boca, chama a atenção para os efeitos mutilantes da cirurgia, não só ao nível estético, com consequências para a auto-imagem, a auto-estima e a vida afectiva e profissional, mas também de funções importantes, como a deglutição dos alimentos.

"Pouco se liga à detecção precoce", mas "quanto mais cedo se fizer o despiste maior é a chance de alcançar a cura", sublinha Jorge Marinho, que preside à comissão científica da APMDH.

"Por ser uma zona de transição entre o corpo humano, a boca tem muitas defesas, pelo que o cancro não se desenvolve tão rapidamente como noutras". Mas, "quando ultrapassa essa barreira defensiva, as consequências podem ser desastrosas".

A campanha "Sorria para si mesmo" pretende atingir a população, privilegiando os hospitais e centros de saúde e outros locais públicos. Em Vila Real, cujo hospital distrital tem em curso um projecto na área do cancro da boca, foi criada uma acção piloto com as escolas e autarquias locais, explicou a advogada Maria Manuel Pinto, responsável pela área de bioética e ciências forenses da APMDH."

in JN por ALFREDO MAIA<

1 comentários:

Dri disse...

a nossa luta a chegar longe....