Em nome de uma paridade participativa


Já longe vai a história de Carolina Beatriz Ângelo, sendo porém certo que não caiu em vão e no esquecimento todo o seu trabalho. Estávamos em 1911, num tempo em que o direito de voto era reconhecido apenas a "cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família". Ora Carolina Ângelo Viúva invoca o seu direito ao voto e consegue (pasme-se) que o tribunal português lhe desse o direito a votar. Carolina Beatriz Ângelo foi assim a primeira mulher a votar no quadro dos doze países europeus que vieram a constituir a União Europeia (UE) e fundadora da Associação de Propaganda Feminista
Contudo em 1912 a lei foi alterada com a especificação de que apenas os chefes de família do sexo masculino poderiam votar.
O sufrágio universal só viria a ser instituído depois do 25 de Abril de 1974.
Embora Portugal, dotado de um quadro jurídico-constitucional assente no pressuposto da igualdade entre mulheres e homens, seja considerado como um dos mais avançados nestas matérias de Direitos Liberdades e Garantias
Contudo paradoxalmente é um país de fraca mobilização política e de cidadania por parte das mulheres.

Foi dentro de um espírito de repensar de forma activa e responsável a democracia plural de Portugal que no passado sábado se reunirão em Vila Nova de Gaia cerca de 285 mulheres. Foi criado em nome da Social Democracia um fórum de debate aberto no qual se pode partilhar várias realidades de participação politica no feminino. Carolina Ângelo deixou-nos um legado e contra ventos e tumultos é premente que nós mulheres, massa activa de uma democracia responsável e plural digamos frontalmente qual o caminho que queremos trilhar para o Futuro da Nação. A iniciativa gerou frutos e de forma pragmática se retirou do encontro a consciência de uma vontade activa em ser voz activa num país feito de Homens e Mulheres. Longe dos revolucionários ecos das esquerdas sempre assombradas pelo jugo paternal do Homens, do encontro nasce a vontade consciente e querente do papel a desempenhar por nós mulheres.
Os movimentos pelos direitos das mulheres têm tido em Portugal, nas últimas décadas, tem tido uma expressão bastante débil.
A trajectória é tortuosa, mas necessária. O futuro exige o empenho de todos sem distinção.
Portugal Democrático carece de uma sociedade equitativa, plural e igualitária.
Este foi o pilar mestre do nosso encontro, do nosso debate e estou em crer que valeu pela elevação e demonstração de maior idade de todas quantas lá estivemos.

1 comentários:

Marta Rocha disse...

Bom trabalho minha querida! Está de parabéns, em conjunto com a equipa que promoveu e orientou este Colóquio. Estou em crer que os 53% de mulheres portuguesas deste país aplaudem iniciativas como esta. Pelo convite, pela troca de experiências, pelo carinho e atenção com que fui recebida: muito Obrigada!