Ensino que futuro...

Hoje enquanto lia no Jornal de Noticias o artigo de opinião de Vasco Graça Moura denominado “Vestais” toda a minha infância na escola passou por mim e de repente lembrei-me que sou mãe e responsável pela educação e instrução dos meus filhos. Durante anos ouvi a minha mãe comentar que, como professora, sentia que os pais dos alunos se limitavam a despejar os filhos na escola e exigir que esta lhes desse tudo…não sei se será bem assim. Passaram já 32 anos sobre a “Libertação” de Portugal do jugo do antigo regime e confrontada com a opinião de Vasco Graça Moura, de quem sou admiradora, sinto que a conversa da minha mãe pouco ou nada tinha de real. Hoje há uma absoluta incerteza sobre tudo. Incerteza que atinge valores bastante elevados, mas que é a catarse de uma história de 32 anos. Eu como Responsável pela educação dos meus filhos não os despejo na escola. São alunos da escola pública, vou leva-los, buscá-los e estudo com eles. Conheço o jeito, o feitio e as manias de cada um…as suas dificuldades e a necessidade, dos apoios positivos e incentivos à auto estima. Pois de facto e um pouco na linha de Graça Moura só com muita - auto estima para garantir alguma sanidade emocional e equilíbrio resolucional.
O Tema é o da “Nomenclatura Gramatical Portuguesa, de 1967, foi revogada pelo art. 10.º da Portaria n.º 1488/2004, de 24 de Dezembro, que aprova a TLEBS (Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário). Esta é expressamente confinada aos ensinos básico e secundário. Para a generalidade dos demais falantes lusitanos, deixou assim de haver nomenclatura gramatical de referência (cfr. art. 3 da Portaria n.º 22 664, de 28.4.67)” referindo e muito bem que definitivamente se instalou o vazio! Hoje vejo que os meus meninos têm um ensino de formato diferente do meu e este, por seu turno bem, mais diferente da dos meus pais. Desde 1974 que o ensino é de forma indiscriminada alvo de mutação bem ao estilo de Kafka…mudança e mais mudança, na forma e no conteúdo. O resultado é esta bendita TLEBS e os resultados visíveis todos os anos a quando das entradas na faculdade. É que se pensarmos friamente da minha geração em diante (eu entrei para a primeira classe em Setembro de 1975) fomos todos sujeitos a experiências educacionais escolares de ciclo para ciclo. Ora os iluminados desse tempo de mudança são ainda os iluminados de hoje e que cujo resultado é a péssima preparação base que todos transportamos. É de facto estranho para mim hoje detectar em testes de Português, História, Ciências e de Matemática erros de má estruturação de pergunta, má resolução de respostas e pior a incapacidade de entendimento das respostas dadas pelos alunos…os miúdos hoje são muito conhecedores.
Graça Moura insurge-se contra a TLEBS por “deficiente de um tratado de Linguística. Enquanto terminologia, tem erros científicos crassos.” Pois como não haveria de ter se de tal não são conhecedores, até porque sinto que essas falhas são a prova visível da falta de vontade na obtenção da excelência. Pior do que isso é o facto de esta ter carácter mais uma vez experimental, aliás como tudo nos últimos tempos, mas o que já está experimentado e testado é colocado de lado em absoluto.
E Vasco Graça Moura termina e muito bem com a seguinte ideia “a sobranceria corporativa e despeitada de alguns linguistas auto promovidos a vestais só lhes fica mal. Desautoriza todos os professores que não saiam da sua coutada. E mostra que eles, tão preocupados com a semântica das frases, afinal ainda não perceberam do que se está a falar.
Pois queiram registar, de uma vez por todas, que é dos ensinos básico e secundário” que sai “um presente de escandalosa deficiência pedagógica e um futuro que só pode ser um lindo enterro.”

1 comentários:

Anónimo disse...

Pois mto bem, concordo e gostei da clareza da exposição...A minha geração é a mesma, sensivelmente, e fui sendo sujeita a experiências educacionais, umas melhores, outras piores, e trabalhando hoje em dia com a escrita e a palavra, e também em contacto com os novos profissionais - advogados estagiários, nomeadamente - verifico que os erros linguísticos, e às vezes ortográficos - e ainda lhes vale o corrector - são mais que muitos. A dificuldade de expressão de ideias é imensa, apesar de tecnicamente até estarem preparados,e o português muito maltratado e pobre. OU seja, nessa matéria, as coisas tem vindo a piorar, e não consigo perceber o que é que essa nova experiencia vai conseguir melhorar as coisas...só complica...Por isso, entendo que efectivamente, quem tem filhos a educar - e isso efectivamente não é só na escola - deve ainda preocupar-se mais com isso. Mero reflexo da sociedade que temos????